O fechamento do Liceu Coração de Jesus, expõe uma ferida aberta no coração da cidade de São Paulo.
Com 137 anos de história, a escola vai deixar de receber os estudantes em 2023.
Entre outros fatores, a insegurança foi um fator decisivo. A falta de segurança pública nos entornos da escola contribuiu para a diminuição de estudantes atendidos pelo Liceu.
O Liceu Coração de Jesus está localizado a 500 metros da Praça Princesa Isabel, que recentemente serviu de abrigo para a Cracolândia.
Desde que a Cracolândia se espalhou pelo Centro, vem causando insegurança e transtornos para o comércio local.
A violência é um problema recorrente, sempre fez parte do cotidiano da região, mas a sensação de insegurança vem se agravando nos últimos meses, segundo moradores e comerciantes. É que agora, os dependentes químicos não ficam reunidos em um só ponto – eles ficam andando em grupos pelas ruas do Centro.
No mês de julho, comércios foram saqueados e houve quebra-quebra e confronto entre lojistas e usuários de drogas na região, as ruas da Santa Ifigênia, dos Gusmões e Guaianases foram as mais afetadas.
A dispersão dos dependentes químicos para outros pontos da região central após operação policial contra o tráfico de drogas na Praça Princesa Isabel aumentou a sensação de insegurança de moradores e comerciantes. A dispersão transfere o problema, e não traz solução efetiva. Sem o fluxo, a venda de drogas continua. A dinâmica, no entanto, mudou. Para evitar aglomerações, que chamam a atenção da polícia, os traficantes circulam com maior frequência.
É uma tristeza que a falta de políticas publicas eficientes causem o fechamento do colégio, levando consigo uma parte da história da cidade, e cause medo e insegurança.
O enfrentamento da crise se faz salutar, visando restabelecer a ordem, o direito às pessoas voltarem a transitar nessas ruas, incentivar o comércio local, a revitalização das residências que possuem grande valor para o patrimônio histórico e arquitetônico, bem como os moradores do bairro viverem em segurança.
O combate ao tráfico é o ponto central da causa, os dependentes que ocupam as ruas servem como cortina de fumaça para a venda livre do entorpecente.
Não menos importante, é a efetiva ação de políticas públicas de saúde voltadas para o auxílio aos dependentes químicos, a implantação de centros de atenção psicossociais com equipes interdisciplinares auxiliarão, de forma eficiente, o processo de transformação urbana e social.
A problemática mostra ser necessária uma abordagem interdisciplinar entre as polícias civil e militar, guarda civil metropolitana e profissionais especializados de saúde. Extremamente vital o envolvimento do poderes municipal e estadual, na resolução da questão.
É importante o envolvimento de toda a sociedade civil na questão, precisamos nos conscientizar que este é um problema de todos nós, porque afeta a todos nós. Precisamos cobrar e nos dispor a fazer parte da solução.
Por Mauricio Freire
Delegado da Polícia Civil de São PauloEspecialista em Segurança Pública e Ciências Políticas
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